quinta-feira, dezembro 21, 2006

O Natal é Quando Um Homem......Pode

Não é isto que costumo ler ou ouvir, é mais:

"O Natal é sempre que o homem quer", mas não será bem assim, como hoje dei comigo a pensar.
Essa máxima deve ser pensada, dita ou escrita por pessoas que podem realmente ter ou celebrar o Natal quando querem.
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Mas a realidade é mesmo outra.
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Quando era pequenito (nós todos), o Natal era necessariamente quando ele na realidade é, a 25 de Dezembro.
Aí, preparávamo-nos com grande ansiedade para esse grande dia. O dia das prendas! O dia de recebermos e darmos prendas. Principalmente de Recebermos!
Isto já trazia uma carga psicológica e ou moral, pois para darmos prendas tínhamos já de ter possibilidades económicas para tal.
Esse problema era sempre dissolvido pelo facto dos nossos pais, geralmente as Mães, nos fornecerem de um montante suficiente para efectuarmos essas compras e fazer-mos as nossas ofertas de acordo com um budget inicial calculado de modo a cobrir essas despesas.
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Mais tarde, e em complemento da nossa independência económica, esse fardo passa a ser da nossa inteira responsabilidade.
Tudo bem e normal, so far.
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Mas a vida dá tantas voltas, e por vezes os que podem ter o Natal quando querem, passam a ter um Natal quando este é evidente e mesmo obrigatório!
E isto tenho visto a acontecer ao longo dos anos, e tocou-me mesmo a mim já há uns tempos para cá!
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Agora o Natal para mim, é uma época de algum sofrimento por não poder continuar com os meus habituais às vezes extravagantes festins de oferendas!
Dava prendas a todos, mesmo a desconhecidos. Embalava prendas para toda a gente ligada a mim, pessoal e profissionalmente, e depois embalava tudo que encontrava e colocava na mala do carro e ia dando por onde passava. A regular Santa Claus!!
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Depois veio a tempestade, primeiro a nível pessoal por ter havido um rompimento, desenlace com uma grande parte da minha nova família, facto que me deixou KO por bastante tempo desde há 10 anos, e que ainda me perturba e continuará a perturbar pois a minha descendência foi brutalmente desmembrada e impedida de um crescimento regular junto do pai e entre eles próprios.
Isso parece não perturbar de forma alguma os responsáveis, mas a mim, e eu sei que aos meus, perturba muito muito.
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Os doentes mentais, passam também por fases críticas nesta época, e eu sei disso porque em pequeno fartei-me de viver o Natal durante uma grande crise familiar! Assim como a Páscoa, O Carnaval, o Ano Novo, e mesmo os inícios de férias, grandes ou pequenas havia sempre uma grande crise em nossa casa.
Geralmente só se resolvia tipo uns minutos antes do grande evento! E eu habituei-me a isso e ao mesmo tempo fui criando anti-corpos para esse tipo de situações e sentimentos.
Agora e como uma amiga me dizia em tempos, " Sublimo" a situação e passo melhor através dela, não sem ficar com mais cicatrizes, mas de uma forma mais tipo "anestesia", e a coisa passa e logo se espera e se prepara para a próxima!
Ela sublimava eu sei, mas também sei da alegria dela quando substituía a "sublimação" pelo "Real"!
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A mágoa que me envolve por não poder activa e efectivamente alegrar os corações dos meus, nestes dias é tão forte que a operação de "sublimação" infelizmente não é muito eficaz, mas aí então entra a realidade nua e crua, fria, da situação em que me encontro! E tenho de me render, assim como me rendo em outras alturas que não de festa propriamente, mesmo no dia-a-dia.
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Esta é a minha realidade e não posso fazer nada para a alterar. Eu vou tentando, sei que não é necessariamente final (ou será?) mas sigo tentando dentro do meu conhecimento. Está muito difícil.
E dentro da regularidade do cumprimento das crises festivas dos doentes mentais que me foram proporcionadas na minha infância, eu também atravesso essas mesmas crises. De uma forma anestesiada e sem incomodar os demais com actos ou acções impróprias, mas com ausência de actos e acções esperadas, o que me revolve e me danifica cada vez mais, mas para o qual eu estou impotente!
Estarei de facto a manifestar uma crise mental sazonal, isso também é verdade. Só com a diferença de não criar e propagar ansiedades, medos e uma nuvem de infelicidade geral. Mas sei que estou a manifestar o meu desarranjo mental festivo neste momento, isso é um facto. Será hereditário? não será? talvez sim talvez sim, não é exactamente o que me preocupa, o que me preocupa é que não posso fazer o Natal quando quero, só Quando POSSO! e, mais uma vez, NÃO POSSO.
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Um feliz Natal, principalmente para todos quantos Não Possam!.